Escleroterapia – Quais as principais complicações?
Complicações da Escleroterapia – Vamos iniciar nossa última semana de janeiro com uma palavra um tanto desagradável, mas que faz parte do nosso dia-a-dia e dela não podemos escapar: “complicações”.
“Complicações” que significa isso?
Muitas palavras têm uma imensa participação e significado em nossa existência, porém, ao tentar descrevê-las, conceitualmente, titubeamos…
Genericamente, o que sao “complicações”? Gostei desse resultado de busca https://www.sinonimos.com.br/complicacao
e destaco algumas palavras:
Obstáculo, embaraço, impedimento, labirinto, enredo, complexidade, escabrosidade, problema, encrenca, frustração, dificuldade, emaranhado, confusão… É suficiente, não?
Não obstante ser uma palavrinha do dia e da hora, esse termo tornou-se quase propriedade exclusiva da medicina. Complicações em medicina começam a ser estudadas nos primeiros anos da formação médica.
As complicações médicas são inerentes ao exercício da medicina e expressas em estatísticas. Qualquer tratamento médico implica em probabilidade de resolução ótima, boa ou regular do problema.
Quando a solução deixa a desejar ou a reação adversa do tratamento é de tal monta que equivale a outro problema para médico e paciente, temos “complicações”.
Gostaríamos de não tê-las, mas são inexoráveis, nosso mundo não é perfeito…
Então, preste bem atenção quando você busca uma solução para o seu problema de saúde pois, uma das marcas do profissional sério e competente é lhe dar um panorama completo do quadro, inclusive, as complicações inerentes ou potenciais de uma proposta terapêutica.
Tipos de escleroterapia
Antes de falarmos nas complicações específicas da escleroterapia, vamos dar uma pincelada no conceito e nos tipos de escleroterapia para situar você.
A Escleroterapia é um tipo de tratamento quase secular para veias doentes de calibres variados. Aplica-se tanto a varizes volumosas quanto a pequenos vasos.
Escleroterapia, etimologicamente, deriva de “Escleros”, palavra grega que significa duro, endurecer. Então, escleroterapia consiste no tratamento que visa tornar algo duro, enrijecido, esclerosado. Veias doentes, no caso.
O modus operandi é através de injeções dentro das veias varicosas, de modo a torná-las enrijecidas e secas, excluindo-as do sistema venoso e fazendo cessar sua disfunção deletéria.
A publicação mais antiga que encontrei sobre o assunto foi a do autor Dr Biegeleisen, no ano 1937, a qual pode ser lida em sua íntegra no link https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1390375/pdf/annsurg00533-0131.pdf
Interessante notar que Biegeleisen menciona diversas substâncias utilizadas em sua época, algumas das quais ainda utilizadas nos dias atuais. Sua notável experiência inclui o tratamento de centenas de pacientes com cada um dos esclerosantes.
Também relata complicações como cãibras, inflamações e formação de nódulos endurecidos no trajeto das veias, descamações na pele e necrose da pele, estas últimas, em caso de extravasamento do remédio fora do vaso.
Surpreendente quantas semelhanças com os tratamentos modernos!
Os tipos de escleroterapia são:
- Escleroterapia sob forma líquida
- Escleroterapia sob forma de espuma
- Escleroterapia com Laser Transdérmico
Forma líquida:
Como o próprio nome diz, consiste na injeção de esclerosantes sob forma líquida no interior das veias doentes. Sua principal indicação é para o tratamento dos vasos de pequeno calibre, as telangiectasias e veias reticulares insuficientes.
Esses pequenos vasos, também conhecidos como “microvarizes” ou “vasinhos”, simplesmente, são classificados como grau 1 na classificação internacional conhecida como CEAP Você saberia dizer qual o seu grau de varizes? Ou melhor, você tem varizes ou “vasinhos” ou veias? Saiba quais são as classes de doenças de circulação venosa pela CEAP
Com espuma:
Na escleroterapia com espuma, o esclerosante, remédio utilizado para o tratamento será associado a algum tipo de gás para, sob pressão, torná-lo em espuma. Gosto de exemplificar com o processo de bater uma clara de ovo em neve.
O medicamento sob forma de espuma expande-se, tornando-se mais poderoso e eficaz. Isso significa o poder de tratar varizes mais calibrosas e mesmo veias safena doentes, com refluxo significativo.
Por outro lado, o potencial de complicações, devido à potência adicional da forma espuma, também tende a aumentar.
Com Laser transdérmico
Nessa modalidade, o tratamento é feito com disparos de energia Laser diretamente sobre o vaso cutâneo ou subcutâneo, promovendo lesão por aquecimento do mesmo.
O tipo de Laser mais adequado aos vasos dos membros inferiores é o Nd YAG 1064, de pulso longo. A luz do Laser visa a célula sanguínea que contém o pigmento da hemoglobina, o qual chamamos cromóforo.
A indicação para o Laser transdérmico sobrepõe-se à indicação da escleroterapia líquida, ou seja, os vasos de pequeno calibre, as telangiectasias e veias reticulares insuficientes.
Também pode ser utilizada em conjunto com a escleroterapia líquida. Ver mais em LASER para vasinhos: vantagens e desvantagens
Complicações da escleroterapia
Agora, sim, podemos ir direto ao ponto. As complicações da escleroterapia são pertinentes ao tipo de técnica utilizada e podem ser locais (provocadas na pele adjacente) ou sistêmicas (reações em todo o organismo).
Complicações da escleroterapia líquida:
- Locais: hiperpigmentação, equimose, hematoma, necrose da pele, úlcera, hirsutismo (aumento de pelos) no local e matting telangiectásico (formação de vasos de até 0,2 mm diâmetro ao redor da região tratada).
- Sistêmicas: reação alérgica de leve a grave, alterações visuais, dor de cabeça, trombose em outros vasos à distância.
Complicações da escleroterapia com espuma:
- Locais: hiperpigmentação, equimose, hematoma, necrose da pele, úlcera, matting telangiectásico (formação de vasos de até 0,2 mm diâmetro ao redor da região tratada).
- Sistêmicas: reação alérgica de leve a grave, alterações visuais, dor de cabeça, trombose em outros vasos à distância, eventos neurológicos (isquemia cerebral e derrame) e outros. ver mais em ESPUMA-VARIZES VANTAGENS E DESVANTAGENS
Complicações da escleroterapia com Laser Transdérmico
- Locais: hiperpigmentação, hipopigmentação, equimose, queimadura.
- Sistêmicas: não há. Ver mais em 10 respostas sobre o tratamento de vasinhos com laser que você precisa ler!
Considerações finais
Foram listadas acima as principais complicações dos vários tipo de escleroterapia, sem maiores descrições do mecanismo de ação de cada uma delas. Há outros tipos de complicações mais raros e que fogem ao escopo deste texto.
Queremos salientar que as complicações mais frequentes em todas as formas de escleroterapia são relativamente benignas e quase sempre transitórias, isto é, resolvem-se com o passar do tempo.
Nas raras vezes em as complicações graves ocorrem, há um protocolo médico bem estabelecido para tratamento dessas complicações, com ou sem o concurso de outras especialidades médicas.
Portanto procure sempre um especialista em Angiologia para cuidar do seu caso. Se você não sabe o que faz um Angiologista, clique em Você sabe o que faz um angiologista?
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