Claudia Sathler Angiologista em Minas Gerais

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A circulação sanguínea é de importância vital para o funcionamento do organismo. Entenda quais os principais problemas relacionados à circulação do sangue nas artérias e nas veias e também à circulação dos vasos linfáticos.

Antigamente, havia somente uma ciência para estudar as doenças da circulação, tanto o coração quanto os vasos. Em um dado momento, decidiu-se separar o estudo do coração, do estudo dos vasos. Assim, surgiu a cardiologia, para o coração e a angiologia, para os vasos.

Os vasos mais conhecidos são as artérias e as veias, mas existem também os vasos linfáticos. As artérias e as veias carreiam o sangue e os vasos linfáticos, a linfa.

As doenças venosas mais comuns são as varizes e “microvarizes”, nome pelo qual as pequenas veias doentes são conhecidas. Varizes são dilatações de veias de maior calibre; “microvarizes” são dilatações de veias de menor calibre, tecnicamente conhecidas por telangiectasias (formato de teia de aranha) e veias reticulares (azuladas ou esverdeadas). As tromboses venosas também são muito frequentes e consistem na obstrução das veias; é quando o sangue que estava circulando, coagula no interior do vaso. Nesse caso, se o sangue coagulado se desprender da veia na perna, por exemplo, o coágulo pode seguir pela circulação e entupir um vaso dentro do pulmão. Esse fenômeno é chamado de embolia pulmonar e pode ser muito grave.

As doenças arteriais mais conhecidas são aquelas causadas por obstruções desses vasos pelas placas formadas de gordura e outros elementos (placa aterosclerótica). O nome desse fenômeno que “entope” progressivamente as artérias é arteriosclerose.

A arteriosclerose afeta em maior proporção as pessoas que se enquadram nas seguintes condições:

  • Idade maior que 50 anos;
  • Fumantes;
  • Portadores de pressão alta;
  • Portadores de gorduras aumentadas no sangue (colesterol, triglicerídeos e etc);
  • Sedentarismo;
  • Membros de famílias que já tiveram essa doença (predisposição genética).

Quando uma artéria sofre arteriosclerose, o sangue falta na região irrigada por ela. Poderíamos pensar numa horta: se a mangueira que rega essa horta entupir, a região irrigada irá sofrer, irá secar, irá morrer. No nosso corpo, não acontece diferente: se a artéria/mangueira entupir, a região irrigada por ela irá sofrer (isquemia) e pode morrer (infarto). Simples assim.

Por exemplo, se um artéria cerebral ficar obstruída pela arteriosclerose, pode haver sofrimento da região irrigada por ela, chamado isquemia cerebral, ou morte dessa região, chamada infarto cerebral. No jargão médico, esses eventos são conhecidos por AVC, Acidente Vascular Cerebral, no caso, de natureza isquêmica pois há falta sangue. Sangue é vida, daí haver sofrimento ou morte daquele tecido ou órgão.

Outro exemplo, se um artéria que irriga o coração (coronária) ficar obstruída pela arteriosclerose, pode haver sofrimento (isquemia) ou morte (infarto) da região irrigada por essa artéria. No jargão médico, esses eventos são conhecidos por Angina e Infarto Agudo do Miocárdio, respectivamente.

Ainda nas artérias, podem ocorrer dilatações localizadas chamadas Aneurismas. O maior risco de um aneurisma é romper como se fosse um balão que infla até explodir. Nesse caso, haverá sangramento, que pode ser fatal.

Quanto aos vasos linfáticos, esses carreiam a linfa. Mesmo que não sejam tão populares quanto as artérias e as veias, eles são importantes. As doenças que acometem esses vasos são sérias e podem até ser fatais. A linfa é um líquido bem claro, leitoso e rico em proteínas, que circula nos vasos linfáticos. Esses vasos são bem finos (pequeno calibre), passam pelos gânglios linfáticos que ficam nas axilas, virilhas e por todo o corpo e acabam por desembocar nas grandes veias.

Bactérias podem provocar infecção dos tecidos, atingindo os vasos linfáticos, doença conhecida como Erisipela. Vermes como a filária (Wuchereria bancrofti) podem causar obstrução dos vasos linfáticos, doença conhecida como Elefantíase.

Agora já sabemos muito sobre a Angiologia, ciência que estuda os vasos: artérias, veias e linfáticos.

As veias podem se dilatar (varizes) ou entupir (tromboses); as artérias podem entupir (arterioclerose) ou dilatar (aneurismas) e até romper. Os vasos linfáticos podem inflamar ou entupir.

Quando as veias se dilatam e são superficiais, podem ser eliminadas com métodos como LASER, injeção de químicos ou cirurgia. Quando as veias entopem (tromboses), temos de evitar que o processo aumente usando medicamentos que reduzam a capacidade de coagulação do sangue (anticoagulantes). Existem meios de desentupir as veias através de dispositivos que entram por dentro dela (endovascular), dissolvem o coágulo e reabrem essa veia (Stent). Esse método é usado para as veias profundas que são maiores e cuja obstrução causa maiores danos.

Quando as artérias entopem (arterioscleroses), temos de evitar que a região irrigada por elas sofra (isquemia) ou morra (infarto/gangrena). Existem meios de desentupir as artérias através de dispositivos que entram por dentro delas (endovascular), dilatando (angioplastia/Stent) e reabrindo esses vasos. Quando não é possível usar a via endovascular, por dentro dos vasos, podem ser feitas cirurgias de pontes, ultrapassando as obstrucões.

As infecções que afetam os vasos linfáticos são vencidas pelos antibióticos.

O texto acima resume de forma bem simples e sumária os principais temas da Angiologia e da Cirurgia Vascular.

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